favela/bairros de lata

favelas/bairros de lata um modo de vida?

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Bairro do aleixo

Bairro do Aleixo

Bairro portuense de habitação social pertencente à freguesia de Lordelo do Ouro.
É considerado actualmente o bairro mais perigoso e mais estigmatizado da cidade do Porto. É composto por cinco edifícios, vulgarmente chamados por torres pela sua elevada altura comparativamente a outros bairros, de 13 andares cada, com 320 casas. A grande maioria das pessoas que lá moram são oriundas da Ribeira do Porto.
Tendo a sua inauguração feita a 13 de Abril de 1974 sendo que apenas existia a primeira torre, a segunda torre foi "tomada de assalto" cerca um ano e meio depois sem se encontrar completa.
Sem controlo, essas zonas não tardarão a tornar-se «centros de privação e instabilidade».
O desenvolvimento dos bairros de lata poderá mesmo encorajar o terrorismo.
"Se o desenvolvimento anárquico das cidades origina uma população marginalizada, isso culminará no terrorismo", notando que "todas as projecções mostram que a violência política vai continuar a sua escalada".
O estado do País tem-se vindo a degradar de forma acentuada.
Menos crescimento económico, mais desemprego, menor poder de compra, mais insegurança, criminalidade mais violenta, justiça incapaz, instituições desacreditadas, maior centralização em torno de Lisboa, falta de confiança generalizada.

Oregon, Estados Unidos

Uma das hoovervilles surgidas durante a Grande Depressão próxima a Portland, Oregon, Estados Unidos


Em muitas favelas, especialmente nos países pobres, muitos vivem em vielas muito estreitas que não permitem o acesso de veículos (como ambulâncias e camiões de incêndio). A falta de serviços como a coleta de resíduos permitem o acúmulo de detritos em grandes quantidades. A falta de infraestrutura é causada pela natureza informal das habitações e pela ausência de planeamento para os pobres por funcionários dos governos locais. Além disso, assentamentos informais enfrentam muitas vezes as consequências das catástrofes naturais e artificiais, tais como deslizamentos de terra, terramotos e tempestades tropicais. Incêndios são um problema frequente.
Muitos habitantes de favelas empregam-se na economia informal. Isso pode incluir venda de algum produto na rua, tráfico de droga, trabalhos domésticos e prostituição. Em algumas favelas os moradores reciclam resíduos de diferentes tipos para a sua subsistência.
As favelas estão muitas vezes associadas ao Reino Unido da Era Vitoriana, especialmente nas cidades industriais do norte. Estes assentamentos ainda eram habitados até a década de 1940, quando o governo britânico começou a contruir novas casas populares. Durante a Grande Depressão, favelas também surgiram nos Estados Unidos onde eram denominadas hoovervilles.
Um relatório da ONU relativo a 2010 aponta que 227 milhões de pessoas deixaram de viver em favelas na última década. Na Índia, a redução da população favelizada no mesmo período foi de 125 milhões.

Curiosidade: A origem do termo encontra-se no episódio histórico conhecido por Guerra de Canudos. A cidadela de Canudos foi construída junto a alguns morros, entre eles o Morro da Favela, assim baptizado em virtude de uma planta (chamada de favela) que encobria a região. Alguns dos soldados que foram para a guerra, ao regressarem ao Rio de Janeiro em 1897, deixaram de receber o soldo, instalando-se em construções provisórias erigidas sobre o Morro da Providência. O local passou então a ser designado popularmente Morro da Favela, em referência à "favela" original. O nome favela ficou conhecido e na década de 20, as habitações improvisadas, sem infra-estrutura, que ocupavam os morros passaram a ser chamadas de favelas.

reportagens

Reportagens



“Ainda lá tenho amigos”
Com 77 anos ainda recorda bem o dia em que, finalmente, entrou na casa que seria sua durante mais de 30 anos, na primeira das cinco torres do Aleixo. O apartamento tinha três quartos de dimensões generosas e a varanda proporcionava bons momentos nas tardes solarengas. “Os elevadores ainda não existiam e tínhamos que calcorrear 190 degraus para entrarmos em casa”, lembra Adão. O sistema de canalização também não estava concluído e, para terem água, tinham que a ir buscar às obras que ainda decorriam.
Não tardou até que outras pessoas que juntassem aos Cunha. Com muita gente da Ribeira, outros vindos de outros locais, rapidamente o Aleixo ganhou vida. “E aí ficou ainda melhor. Éramos como uma grande família”, recorda o septuagenário, que confessa que, agora, “é raro lá ir”. Mas deixou lá amigos, bons amigos que, diz, “soube escolher bem”.
A degradação do Aleixo empurrou os Cunha para outras bandas, agora mais sossegadas e com melhores condições.
No final da década de 80 as coisas mudaram radicalmente no bairro. “Foi quando a droga chegou que tudo ficou mal”. Mesmo assim Adão não concorda com a demolição que se está a preparar. “Há lá muita gente má, mas também há muita gente boa. O que me deixa triste é que por causa de uns, vão pagar os outros”. Não gosta de falar desses tempos e diz não ter prazer em denegrir ninguém. Problemas a sério nunca teve, mas também nunca se pôs a jeito. Criou lá os seis filhos e ensinou-lhes o que é rectidão, honra e carácter. Garante que eles aprenderam e é com orgulho de pai que afirma que “estão todos bem”.

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Exclusivo i/Semanário Grande Porto
Bairro do Aleixo. "Tudo ficou mal quando a droga chegou"
por Ana Caridade, Publicado em 11 de Setembro de 2009 .A família Cunha foi a primeira a chegar e aqui viveu 30 anos. Hoje lamenta a demolição iminente 1974 foi um ano de enormes mudanças para o país. A moral salazarenta de um Portugal pobre, analfabeto e atrasado estava finalmente a dar os últimos suspiros e a esperança na liberdade e numa vida melhor enchia os corações e as mentes. Nesse ano, a família Cunha trouxe ao mundo o quinto filho. A alegria de ver a prole aumentar e de ter mais um rapaz perfeitinho rapidamente se desfez quando a casa onde moravam se transformou num amontoado de cinzas e destroços.
Adão e Julieta viviam na Ribeira do Porto, terra que os viu nascer e da qual conheciam cada recanto, cada escadaria, cada ruela escondida. Foi no Barredo que se conheceram, foi lá que deram o primeiro beijo, foi lá que juntaram os trapos e traçaram planos.
Naquele dia de Dezembro a vida deu duas voltas. Ou melhor, três.
Os planos para a chegada do bebé já estavam feitos e a ordem caseira estaria organizada. Quem ia dormir onde, como se iria organizar o espaço do quarto alugado onde moravam. Mas o destino quis que os projectos fossem por água abaixo e, de repente, viram-se com cinco crianças e sem um tecto que os albergasse.
“Nós já tínhamos ouvido dizer que o novo bairro, ali para os lados do Fluvial, era destinado às pessoas do Barredo”. E ouviram bem. Depois da tragédia, a câmara decidiu alojá-los no Aleixo, ainda as obras não tinham terminado. Foram a primeira família a entrar no bairro que agora está em risco de ser demolido e a dar lugar a um empreendimento de luxo. Foram os primeiros a usufruir da magnífica paisagem que deixa ver os barcos no rio, os eléctricos na marginal e os pescadores na Afurada. “Nunca tive uma casa tão boa como aquela”, confessa o patriarca da família Cunha.







Favela Dharavi em Mumbai, Índia.

Favela Dharavi em Mumbai, Índia.

55% da população da cidade vive em favelas, que cobrem apenas 6% das terras da cidade. A taxa de crescimento de favelas em Mumbai é maior do que a taxa de crescimento urbano geral.A maior parte dos habitantes das favelas é pobre, vivendo com menos de 100 dólares por mês. Acidentes, principalmente decorrentes de pluviosidade forte, são frequentes em áreas assim. As favelas também sofrem pelo crime, tráfico de drogas e lutas de gangues.
Há rumores de que os códigos sociais nas favelas proíbam que os habitantes cometam crimes dentro de seus limites. As gangues locais acabam se tornando uma milícia particular da região, policiando-a à sua própria maneira. No entanto, a maioria das favelas exibe altos índices de crimes violentos, em especial homicídios. A existência das supostas milícias, segundo alguns estudiosos, aponta para a existência de uma espécie de "código de honra" interno, o qual, caso não respeitado, pode levar à execução por parte deste efectivo Estado paralelo.

Curiosidade

Favelas do Brasil


Curiosidade: Morro da Providência, a favela mais antiga do Rio de Janeiro.
O início das formações de favelas no Rio de Janeiro está ligada ao término do período escravagista no final do século XIX. Sem posse de terras e sem opções de trabalho no campo, grande parte dos escravos libertos deslocam-se para o Rio de Janeiro, capital federal, que já possuia uma significativa quantidade de ex-escravos mesmo antes da promulgação da Lei Áurea, em 1888. O grande contingente de ex-escravos em busca de moradia e ainda sem acesso à terra, provocou a ocupação informal em locais desvalorizados, de difícil acesso e sem infra-estrutura urbana.
As reformas urbanas promovidas pelo então presidente da cidade Pereira Passos entre 1902 e 1906, período conhecido como "Bota-abaixo", destruiram cerca de 1.600 velhos prédios residenciais, a maioria composta de habitações coletivas insalubres (cortiços) que existiam nas áreas centrais do Rio de Janeiro. Estas pessoas são expulsas para a periferia da cidade que, no caso, consiste basicamente de morros; o que também contribuiu para o aspecto atual das favelas